“…somos todos passarinhos, soltos a voar e achar um ninho nem que seja no peito um do outro.”

 

Flávia é vibrátil, intensa e disciplinada, porém conserva a leveza de uma execpcional patinadora artística que foi. Ela escolheu para deslizar e voar na sua vida a música “Passarinho” de Vanessa da Mata, que representa muito o seu espírito livre, leve e solto

 

 “Eu sou confiante, é a confiança que me faz ser positiva… eu acho que sempre vai dar certo…”

 

 

Foi com esta energia mais do que positiva que a nossa conversa começou. Logo, de início, Flávia se descreveu como uma pessoa agitada, inquieta, ativa, mas super positiva “…eu gosto das coisas para ontem, não deixo nada para depois.”

Conta que foi uma patinadora na infância e na adolescência e este esporte ajudou a neutralizar toda esta energia e agitação exacerbada. Ao mesmo tempo, que reforçou uma das suas maiores características que é a disciplina e o foco.

 

“Me tira do sério a falta de comprometimento, não gosto de atrasos, eu sou muito rigorosa com aquilo que eu tenho que fazer, não deixo nada para ontem.”

 

Flávia é daquele tipo de mulher que tem raça, não desiste fácil de seus objetivos em especial de seus sonhos.

 

 

“Meu maior sonho era ser mãe”

 Eyecontact with Flavia Magri, Edson Cury – Antônio’s and Álvaro’s parents - Ribeirão Preto – SP – Brazil - 2nd of June of 2016

 Engravidar parecia ser seu maior desafio em função da idade um pouco avançada. Mas em um ano de tentativa, com a ajuda da fertilização in vitro, Flávia engravidou. E como tudo na vida de Flávia é intenso, ela acabou por ser mãe em dose dupla. Flávia e Edinho, hoje, são pais dos gêmeos Antônio e Álvaro – 4 anos.

 

Porém, desde o início, estes pais sempre souberam que algo não estava normal no desenvolvimento de um dos seus filhos, de Antônio. O irmão Álvaro pontuava, dia após dia as diiferenças no desenvolvimento entre eles.

Flavia lembra “… por serem irmãos gêmeos, pecebi que o irmão solicitava muito o Antônio e ele não o atendia…”

 

Assim, a inquietação tomou conta de Flávia, ela mesma começou a pesquisar (na internet) sobre os comportamentos atípicos que Antônio apresentava. Foi assim, quando Antônio tinha 2 anos, que ela desconfiou que Antônio pudesse estar dentro do espectro do Autismo. Sendo, logo, logo endossada por um especialista.

 

“Desespero” este é o sentimento que Flávia e Edinho dizem ter sentido no momento que receberam o diagnóstico oficial de Autismo para Antônio. É como se Flávia e Edinho, em um passo de mágica, deslizassem de um sonho para um pesadelo. Ela abre seu coracão e diz:

 

“…tive meus dias de luto, foram 3 dias intensos, 3 dias de muito choro, de muitas incertezas…pouco conhecimento sobre o diagnóstico…”

 

Acrescenta que se sentia em meio de um turbilhão de perguntas sem respostas, e sem medo nenhum de se expor, Flávia desabafa:

 

”…tinha muita raiva, tentando entender onde tudo começou, onde estava o meu erro, porque tem que ser comigo e não com outra pessoa, ficava muito triste com os olhares estranhos para meu filho…mas, assim como tudo veio a tona, tudo foi embora a tona… liguei o cronômetro para correr atrás do melhor tratamento para o Antônio”

 

Flávia foi rápida e passou do luto a luta sem pestanejar.  Ela tomou o controle da situação e começou a criar uma nova coreografia para a sua vida e sua família. Com novos passos, as vezes belos saltos, alguns malabarismos passou a patinar neste desconhecido palco que é o mundo do autismo.

 

“Pensando sempre no meu filho e no fato de eu saber que sou a pessoa que vai direcionar o rumo da história da vida dele, busquei, busquei, busquei, incansavelmente por onde começar, médicos, tratamentos e etc…”

 

Depois de 2 anos do diagnóstico, Antônio, agora com 4 anos, o sentimento que possui é de “…serenidade e clareza porque as conquistas vão se aflorando e o resultado final de cada etapa do desenvolvimento dele tem sido maravilhoso”.

 

Mesmo assim, diz:  “…não sou 100% feliz”. Declara que seus medos e momentos de ansiedade sobre o futuro do Antônio, em especial a dúvida constante  sobre se eles estão provendo o melhor tratamento para o filho.

 

“Abri mão do meu trabalho, pensando que em 2 anos, eu retornaria …foi exatamente quando o Antônio foi diagnosticado…fiquei sem chão para voltar ao trabalho.”

 

Antônio, Antônio, Antônio. Álvaro, Álvaro, Álvaro. Como ela mesmo diz: … mãe de autista é viver 24 horas o autismo…, mas Flávia é mãe 48 horas por dia, porque tem uma missão duplicada. É o dia inteiro conectada, pensando e trabalhando para que Antônio atinja seu potencial máximo de independência, adaptacão e socialização, mas ainda tem a jornada extra com o seu filho neurotípico, o Álvaro.

 

“…me preocupo com o futuro do Antônio. Isso está sempre na minha cabeça, mas sempre com a certeza de que o objetivo será alcançado.”

 

O bonito da história de Flávia e sua família é a forma como ela encara os desafios. Ela surpreende e cativa pela sua alegria e vibração com as conquistas do filho. Sua família se tornou um time de patinadores que seguem o ritmo que ela impõe. Cada passo desta família é a partir do seu pensamento positivo e sua alegria de viver. Por isso sua coreografia tem tanto sucesso.

 

“Eu dou risada todos os dias… eu acho graça de mim mesma, até do que não é o esperado.”

 

 

Sua família são peças fundamentais para que ela mantenha sua força e o seu bem estar bem. Todos fazem parte do dia-a-dia do tratamento do Antônio. Ela confirma isso quando diz…”me mantenho forte e firme porque tenho a presença do meu marido e do meu outro filho. Juntos estamos constantemente mudando a vida do Antônio.”

 

Ela assume que não é uma mulher com o perfil de sofredora. E quem convive com ela logo vê que está sempre com um sorriso bonito nos lábios e com um olhar vibrante para todos. Mesmo que depois do diagnóstico de Antônio tenha abandonado seu trabalho, ela tem a certeza de que é muito mais feliz assim, dedicando-se 24 horas para seu filho.

 

“Sinto falta do meu trabalho, mas eu sinto que faz toda a diferença este olhar de mãe, que me permite agir naquela hora da forma mais correta.”

 

Assim, Flávia vai levando sua vida, sempre com um olho em Antônio e outro em Álvaro, considerando as diferenças de cada um dos gêmeos bivitelinos. Esta diferença entre os dois filhos é o que faz com que Flávia tenha que improvisar e transitar, a todo momento, em diferentes estilos de ser mãe. Eyecontact se emociona quando ela diz com muita naturalidade: “…eles são diferentes, por isso o olhar que eu tenho para cada um é diferente”

 

Esta família vai dançando conforme a música que a vida apresenta. Esta mãezona, acredita que é importante respeitar e se adaptar aos ritmos ela impõe dia-a-dia:

 

“…temos que dar tempo ao tempo, ele é senhor em nos mostrar o que estava bom ou não.”

 

Eyecontact não se supreende, quando ela conta que o que mais conecta ela com seu filho autista é a diversão.

 

“O Antônio é palhaço, divertido, tem umas tiradinhas e eu também… a gente ri muito juntos…a gente é muito parecido, ele gosta de ser o centro das atenções…”

 

Na verdade, a brincadeira é o que faz com que esta família, Edinho, Flávia, Álvaro e Antônio tenham uma conexão mais do que saudável e alegre entre si e com a vida. Para o final desta história Eyecontact escolheu a seguinte frase de Flávia:

 

 

O que me faz relaxar, é quando eu vou pra cama com eles contar historinhas…mas gosto de uma academia, fazer exercício, ir para um barzinho, tomar cervejinha…faço com meu marido, com minhas amigas…

 

 

RECADO DE FLÁVIA PARA PAIS DE AUTISTAS:

Corram enquanto é tempo, mas com foco e nos tratamentos que são chave no desenvolvimento de um autista. Pra mim a peça chave é o ABA.

 

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